O filme é belíssimo, delicado e sensível, com muito bom gosto na escolha dos cenários e dos "personagens". Constatei um jogo entre duas formas de desejo: o contido, planejado, entre quatro paredes e o livre, desgarrado e orgânico da nossa alma. Proporcionou enxergar o desejo em suas muitas possibilidades, na música, na arte e na religião, sob um olhar feminino, ainda mais reprimido por tantos dogmas. Alexandre Cumino lembrou a Pomba-gira como personificação da liberdade do desejo, a realização do desejo como felicidade e encontro com nossa verdade. O filme é esse convite para olhar para dentro de si e encontrar esse lugar onde o desejo se esconde, principalmente na maturidade, quando tendemos a desistir cada vez mais dele.
